Lerê Virginia, simplesmente Lerê

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dança Afro em Ação Voluntária

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Dança Afro em Ação Voluntária


Paulo Melo Sousa

A partir de um desejo pessoal de fazer alguma coisa em benefício de crianças e adolescentes carentes do bairro da Vila Palmeira, em São Luís, a dançarina Virgínia Costa, que adota o nome artístico de Lerê, criou uma pequena Companhia de Dança Afro Lerê, com inspiração claramente social. A dinâmica do trabalho envolve transmissão de conhecimentos sobre a história da dança, do bairro em questão e da cidade. As atividades da escola estão abertas à comunidade, embora as crianças sejam o alvo principal da iniciativa. Virgínia, 29 anos, filha de mãe maranhense e pai paraense, nasceu no Rio de Janeiro, tendo estudado na capital carioca balé clássico, vindo morar em São Luís aos 9 anos. Aqui, praticou ginástica rítmica até os 18 anos, tendo sido campeã maranhense por várias vezes, integrando ainda, durante algum tempo, o corpo de baile do Teatro Arthur Azevedo. Desde o momento em que tomou contato com a realidade do bairro em que mora, Virgínia alimentou o sonho de desenvolver alguma ação no intuito de contribuir com a comunidade. Sempre realizando atividades culturais no bairro, a dançarina conseguiu, finalmente, inaugurar um espaço há cerca de um ano e três meses, numa casa que se localiza na rua do Evangelho, nº 150 - B , próximo à feira da Vila Palmeira.

No momento, 20 crianças estão freqüentando o local, recebendo reforço escolar. As aulas de dança, artesanato e de capoeira (com Mestre Saci) são gratuitas, ministradas por professores que realizam trabalho voluntário. A dança incorpora ritmos africanos, brasileiros e maranhenses, e conta com a participação de adultos. Virgínia Costa carrega na bagagem cursos que realizou na Europa, na área de dança afro contemporânea, pela Companhia de Dança de Norma Claire (2002 / 2003), e na Guiana Francesa, no setor de dança tradicional africana, étnica, com integrantes da etnia Boni, negros descendentes de africanos que se instalaram naquela região e que oferecem cursos de danças chamadas Sanguê e Awassa.

Existe uma preocupação necessária com a formação das crianças e dos jovens. “Não queremos levar as crianças a fazerem apresentações públicas sem que antes elas tenham o preparo, a devida informação sobre o que estão fazendo, sobretudo no que se refere à cultura popular; dessa forma, nós estamos investindo na formação de uma base sólida na parte teórica, pois acreditamos que, dessa maneira, elas terão mais envolvimento com o processo, facilitando o aprendizado”, declara Virgínia Costa. O trabalho voluntário conta com vários apoios, como o da professora de História Leidiana Caldas. Formada pela UFMA, ela declara que “tenho proferido algumas palestras sobre o tema da minha área, sobretudo nas datas históricas, visando trabalhar o significado das mesmas; pretendemos trabalhar com História do Maranhão, e temos projeto para realizar esse trabalho. No momento, aguardamos resposta de financiadores para darmos início ao trabalho”. No carro-chefe da proposta, o Projeto Pulular, existem planos para a introdução de educação ambiental, formação de platéia para cinema e vídeo, oficinas de percussão e música, e até o Clube dos Astros, de Astronomia. Faltam, contudo, voluntários, para que a iniciativa seja ampliada.

As crianças e jovens são oriundas do interior do Estado, ou filhos de pessoas que nasceram por lá, e que já trazem a informação de festas e manifestações folclóricas tradicionais, o que contribui para a identificação das mesmas com a proposta da escola. Maria José Oliveira, 9 anos, diz que “eu adoro este lugar, gosto de dançar e quero continuar aqui com minhas colegas”. Carla Stéfanie Silva, 7 anos, que faz parte do grupo há mais tempo, afirma que “eu quero ser bombeiro e bailarina, quando crescer, por isso eu estou aprendendo aqui”. Dayane da Silva, 12 anos, diz que “nós estamos aprendendo muita coisa aqui que a gente não aprende na escola normal, e eu estou adorando tudo; quero continuar”. Todos esses sonhos caminham com muito entusiasmo e alegria, e o grupo, animaado e barulhento, aumenta a adrenalina de professores e coordenadores.

A dinâmica do trabalho inclui visitas a museus, teatros e a pontos turísticos tradicionais da cidade, no intuito de promover uma identificação maior das crianças com o espaço no qual vivem. O contato com apresentações culturais visa despertar o interesse das mesmas pelo segmento cultural, ou ainda promover o respeito por tais manifestações. Dessa forma, a escola vem priorizando a dança popular maranhense, como o Tambor-de-Crioula, o Bambaê de Caixa, o Cacuriá e o Bumba-Boi, dentre outros ritmos. “Minha família tem suas raízes na cidade de São Bento, e eu descobri há pouco tempo que a minha bisavó e a minha tia-bisavó dançavam o Tambor-de-Crioula, de tal forma que eu venho a cada dia me identificando com a cultura popular maranhense, me aperfeiçoando e transmitindo essa informação”, afirma Virgínia Costa. A dançarina está sempre realizando viagens, sobretudo à Europa, nas quais aproveita para realizar aperfeiçoamento profissional em escolas de dança. Com viagem marcada para o próximo dia 13 de outubro, ela embarca rumo a Paris para mais uma temporada de estudos.

Numa dessas viagens, ela teve oportunidade de acompanhar a Festa do Divino Espírito Santo nos Açores, Ilha de Santa Maria e Ilha da Terceira, em 2005 e, neste ano, já esteve na capital do Xaxado, visando aprender o ritmo nordestino e pesquisar sobre Lampião e Maria Bonita, em Serra Talhada, Pernambuco, durante a Festa da Padroeira da cidade, agora em agosto.

O trabalho voluntário conta com a ajuda financeira de mantenedores particulares, além de doações eventuais e o patrocínio da própria dançarina, o que garante o pagamento do aluguel do espaço, da água e da iluminação, salário da professora e compra de materiais didáticos e de artesanato, dentre outros. Para dona Tatiane de Jesus, mãe de uma das meninas que freqüentam o local, “acho este trabalho muito importante, pois as crianças se sentem muito bem neste espaço; eu também, sempre que posso, participo das atividades de alongamento e dança. Já deu para perceber uma mudança na minha filha, que antes era muito tímida e que, agora, está mais extrovertida e participando das atividades”. Qualquer ajuda é bem-vinda ao grupo, e as doações podem ser feitas pelo fone 81123150 ou no próprio local.

Veja a reportagem original do Jornal Pequeno no link abaixo:
http://www.jornalpequeno.com.br/2006/10/6/Pagina43445.htm

Um comentário:

  1. Deus seja louvado!!! qnto tempo Vi !!
    Estou muito orgulhoso do seu trabalho!! guerreira e talentosa como sempre !! e cada dia mais LINDA!!! Bjsss

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